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Imigrantes na América: Vilões ou Heróis?

Atualizado: 21 de out. de 2021

Francisco Wykrota | Wykrota Law Firm




Quando falamos de imigração legalizada para os Estados Unidos, uma questão pouco abordada sobre os imigrantes é o quão benéfico eles são para os Estados Unidos. Os esforços para reduzir a imigração legal, especialmente em meio à pandemia de coronavírus, manterão as famílias separadas, prejudicando a saúde pública e os esforços de recuperação da economia. Essa política de redução, que começou no governo passado e que, administrativamente, se mantém em funcionamento durante o atual governo (uma vez que a grande maioria dos consulados americanos permanecem fechados ou não realizando entrevistas imigratórias), é responsável por um grande impacto negativo na sociedade e na economia americana.


Como se pode ver, os recém-chegados aos EUA ajudam a impulsionar a criação de negócios, a fomentar a inovação, a atender às necessidades essenciais da força de trabalho do país e, principalmente, a fortalecer a classe média. No que se refere à imigração baseada em laços familiares, essa promove a unidade e integração do núcleo básico da sociedade, a família, princípios fundamentais dos valores, não só americanos, mas de várias nacionalidades. Uma família unida auxilia na manutenção e busca do controle emocional de seus membros, no estímulo para desenvolvimento educacional e profissional, na melhora dos relacionamentos entre as pessoas e no desenvolvimento dos valores morais e éticos da comunidade.


Por outro lado, a imigração humanitária também representa um importante papel no desenvolvimento da nação, transparecendo valores e solidificando bases para um crescimento social humano e equânime entre a população. O humanitarismo protege e expõe valores de uma sociedade, cada vez mais atraindo novas pessoas e profissionais qualificados, e pessoas que buscam o desenvolvimento e a disseminação do bem, seja através de novas tecnologias ou até mesmo da saúde pública em massa. Exemplos podem ser vistos em casos como as luminárias solares sustentáveis para auxiliar nações em necessidade ou soluções para ajudar no combate à seca e à fome no mundo.


Por fim, a imigração profissional potencializa a capacidade tecnológica do país, desenvolve o sistema educacional, colabora de forma intensa com a ciência, desenvolve setores importantes da indústria, fortalece a economia, gera empregos e atrai investimentos internacionais, capitalizando o chamado FDI (foreign direct investment), um capital muito importante, pois é dinheiro estrangeiro entrando para os cofres públicos da nação. Além disso, a imigração profissional ajuda determinados setores da indústria com deficiência de mão de obra qualificada como a área de TI, saúde, aviação e outras mais.


Nesse sentido, o sucesso dos Estados Unidos como uma potência econômica e um alvo de desejo de residência permanente vem, em grande parte, da longa tradição do país de incentivar as pessoas que buscam uma vida melhor a deixar seus países para contribuir com o desenvolvimento da América. Limitar severamente a imigração legalizada, seja ela familiar, humanitária ou profissional, coloca em risco o desenvolvimento do país, seja ele econômico ou social. Assim, é importante proteger e expandir os níveis atuais de imigração legalizada e se trabalhar para a aprovação de uma reforma que torne o processo mais seguro, rápido e eficiente. Restringir a imigração legalizada limitará a capacidade do país de responder, por exemplo, de forma eficaz, à competição tecnológica internacional, às crises de saúde pública e aos problemas econômicos, como por exemplo a crise provocada pelo coronavírus, que já deixou centenas de milhares de mortos e um devastador índice de trabalhadores desempregados.


Um outro aspecto relevante de se identificar é o equívoco de se acreditar que os Estados Unidos não precisam da imigração para aumentar sua população. Entre 2010 e 2020, os Estados Unidos assistiram seu mais lento crescimento populacional desde a década 1930.[1] Isto significa dizer que, apesar da população estar crescendo, ela está crescendo de forma mais lenta e com índices menores, correndo até o risco de possivelmente decrescer. Fatores que impactam esses números são compostos, por exemplo, pelo fato de nos últimos anos terem nascido menos crianças e a redução dos níveis de imigração. Neste sentido, a imigração legalizada é necessária, não só para aumentar o tamanho da população dos Estados Unidos, mas também para aumentá-la de forma controlada e qualificada, mantendo, inclusive, uma proporção entre idosos e pessoas em idade ativa, para o crescimento da economia.


Outra ideia equivocada é que a imigração legalizada prejudica os trabalhadores americanos, tirando empregos e reduzindo salários. É importante lembrar que a legislação determina um número máximo de vistos imigratórios por ano, controlando, assim, o fluxo de imigrantes. Nos últimos anos, por exemplo, foram disponibilizados 140 mil vistos para a imigração de profissionais (Employment Based)[2], sendo que nem mesmo todos os vistos foram utilizados. Nesse sentido, a proporção de 140 mil profissionais por ano (sendo que os membros familiares do profissional também se enquadram nesse número) em razão de uma população economicamente ativa de 150 milhões[3], representa menos do que 0,1% da população trabalhadora e ativa. Ou seja, não representam uma competição prejudicial ao mercado.


Ainda, esses profissionais imigrantes são alocados em áreas em necessidade, passando por um rigoroso processo de certificação laboral ou às vezes de avaliação de suas capacidades profissionais ou interesse da nação em seu plano de continuidade de trabalho nos Estados Unidos. Além disso, a grande maioria dos imigrantes possuem perfil empreendedor e perseverança para atingir seus objetivos, abrem novas empresas e criam empregos, aumentando as oportunidades para trabalhadores nativos americanos, o crescimento dos salários e fortalecendo a classe média. À medida que a economia dos Estados Unidos começar a reabrir, a criação de empregos será essencial para impulsionar a recuperação das comunidades em todo o país.


Um mito muito comum é acreditar que os imigrantes são um dreno na economia americana e reduzir a imigração legalizada tornaria a economia mais forte. Os Estados Unidos precisam de imigrantes para se manter competitivo e impulsionar o crescimento econômico. Os imigrantes são inovadores, criadores de empregos e consumidores com um enorme poder de compra, que impulsionam a economia e criam oportunidades de emprego para todos os americanos.


Outro ponto forte em defesa da imigração legalizada é que os imigrantes tendem a ser qualificados em suas áreas. Estatísticas mostram que 43% das famílias recém-chegadas possuem graduação universitária, contra 29% dos americanos nativos. Mais da metade das graduações educacionais concedidas por universidades, nos Estados Unidos, em áreas denominadas “STEM” (na tradução para o português, Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática), vão para estudantes internacionais. Esses estudantes, que se tornam ou são profissionais, em sua grande maioria, não possuem caminhos imigratórios favoráveis para permanecer no país e acabam retornando com capacitação técnica e muito conhecimento, deixando de ser uma oportunidade para o desenvolvimento econômico e social dos Estados Unidos.


Os imigrantes geram receitas fiscais. Para se ter uma ideia, só em 2019, os imigrantes pagaram US$ 492.4 bilhões em impostos estaduais, municipais e federais.[4] Esse dinheiro financia escolas, hospitais, serviços de resposta a emergências, rodovias e outros serviços públicos essenciais. Aumentar a imigração legalizada, neste sentido, não só seria um bom canal para elevar as entradas de capitais estrangeiros no país de forma definitiva (não especulativa), como também representaria um aumento na arrecadação tributária dos governos em todos os níveis, melhorando a condição de atendimento da população em todos os setores.


Muitas empresas americanas contratam profissionais estrangeiros para complementar sua força de trabalho, usando uma combinação de vistos de imigração permanentes baseados em empregos (chamados de "green cards") e vistos temporários. Pesquisas demonstram que os trabalhadores imigrantes não prejudicam os salários dos trabalhadores nativos, pelo contrário, os complementam. Neste sentido, a estimulação da imigração qualificada, principalmente de profissionais que possuem planos de continuidade no país que estejam sob o interesse nacional, como beneficiários do visto Employment Based de primeira preferência (EB1-A) denominados como profissionais de habilidades extraordinárias e aqueles de segunda preferência, dentro do interesse nacional americano, (EB2 NIW), são uma ferramenta de extrema importância para o desenvolvimento sustentável do país.

[1]https://www.google.com/search?q=population+groth+united+states&rlz=1C5CHFA_enUS879US880&oq=population+groth+united+states&aqs=chrome..69i57j0i13l2j0i22i30l7.5913j0j7&sourceid=chrome&ie=UTF-8 [2] https://travel.state.gov/content/travel/en/us-visas/immigrate/employment-based-immigrant-visas.html [3]https://tradingeconomics.com/united-states/active-population-aged-15-64-all-persons-for-the-united-states-fed-data.html#:~:text=the%20United%20States-,Active%20Population%3A%20Aged%2015%2D64%3A%20All%20for%20the%20United,the%20United%20States%20Federal%20Reserve. [4] https://www.newamericaneconomy.org/locations/national/


 

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Francisco Wykrota


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